Lucíola
Logo após ter chegado ao RJ, procedente de Olinda, em 1855, com cerca de 25 anos, Paulo foi convidado por um amigo, o sr. Sá, a acompanhá-lo à Festa da Glória, quando lhe atraíra a atenção uma jovem e bela mulher que, de início, em sua simplicidade de provinciano adventício, não identificara como cortesã ( ou prostituta).
Ao ver Lúcia, assim se chamava a mulher, tivera a impressão de já conhecê-la. De fato, à noite lembra-se de que, realmente, já a tinha visto antes, no dia mesmo de sua chegada ao RJ, em um carro elegante puxado por dois fogosos cavalos, e exclamara então para um companheiro de lado: "Que linda menina! Como deve ser pura a alma que mora naquele rosto!" e que gentilmente, após, alcançara-lhe o leque que deixara cair na rua.
Lúcia era, assim, uma mundana de rara beleza e suave aspecto, que faziam parecer uma jovem inocente. Pelo menos, essa foi a impressão de Paulo e que o levou a apaixonar-se, mesmo depois de saber quem era ela.
Tal como a pintou o romancista e se depreende de toda a história, ela era de natureza complexa nas alternativas de sua vida e do seu temperamento. Boa nas intenções, mas devassa na prática da vida que levava; interesseira e avara na conquista do dinheiro fácil e, ao mesmo tempo, generosa ao dar esmolas e na ajuda a parentes; com um passado de luxo e dissipação, se apaixona da maneira mais romântica pelo jovem que nela descobrira bondade e ternura. Enfim, era bem feminina ao parecer tantas numa só. Paulo, no entanto, no entusiasmo da paixão, definiu-a: "Tu és um anjo, minha Lúcia!".
Tendo Paulo visto Lúcia naquela festa