Luckesi
Educação, ludicidade e prevenção das neuroses futuras: uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese
Educação e ludicidade: elucidações conceituais
Nos últimos tempos, temos visto nascer uma preocupação estimulante com a ludicidade na vida humana, que se manifesta por múltiplas expressões, tais como: os investimentos culturais científicos e econômicos no lazer, nas atividades para a denominada terceira idade, no incremento das viagens, nas brinquedotecas, nas videotecas, na prática educativa lúdica na família, na escola, no treinamento de recursos humanos na empresa... Domenico de Masi vem falando do “ócio criativo”. São muitas,... muitas, as expressões!
A educação em geral e a educação escolar, em particular, não tem estado ausente desse movimento, apesar de termos ciência das imensas lacunas existentes nessa área, seja no que se refere à produção científica, seja nos cuidados com a prática, seja mesmo na amplitude de sua utilização na escola e na sala de aulas.
Uma educação lúdica tem na sua base uma compreensão de que o ser humano é um ser em movimento, permanentemente construtivo de si mesmo. Ela foge ao entendimento de que o ser humano é um ser dado pronto e que deve, no decorrer da existência, “salvar a sua alma”, visão sobre a qual está assentada a pedagogia tradicional. Uma prática educativa lúdica só pode assentar-se, ao contrário, sobre um entendimento de que o ser humano, através de sua atividade e conseqüente compreensão da mesma, constrói-se a cada momento, na perspectiva de tornar-se mais senhor de si mesmo, de forma flexível e saudável.
As atividades lúdicas, por si mesmas, são construtivas, na medida em que são ações; e, sabemos, a partir de várias tradições teóricas, que o ser humano enquanto age modificando o mundo, modifica-se