Luana
Com base nas investigações, o que temos,de concreto,sobre o tráfico de seres humanos?
Eduardo Cerqueira: O tráfico de seres humanos é uma preocupação das autoridades a nível mundial. É sentido e vivido em países subdesenvolvidos. Este movimento é projectado em todos os países e manifesta-se de formas diferentes. Há estudos efectuados a nível das Nações Unidas e das polícias de todo o mundo que dão conta que o negócio de seres humanos movimenta milhões, senão mesmo biliões de dólares. Este fenómeno está sempre associado à outra criminalidade, nomeadamente, a prostituição, o tráfico de drogas, o trafico ilícito de metais e pedras preciosas e até corrupção. JA: Em Angola há registo da presença do fenómeno?
EC: Em relação a Angola, nós registamos uma série de movimentos que nos fazem presumir que o nosso território esteja a ser alvo deste crime. Há, por exemplo, a utilização de pessoas provenientes de outros países do mundo com destino a Angola para exercerem a prostituição. Temos casos de mulheres trazidas da República Democrática do Congo. Já começamos a ver mulheres a virem do Brasil, por encomenda, para convívios. Este é o termo usado. Mas, no fundo, se nós formos verificar a forma como elas são trazidas, a forma como elas são utilizadas, concluímos que também vêm para se prostituírem. No caso das mulheres provenientes da RDC, são colocadas em alguns bairros de Luanda, onde exercem prostituição sob controlo dos chamados padrinhos. JA: As prostitutas são também utilizadas fora da capital?
EC: Sim, as prostitutas são muito utilizadas nas áreas de garimpo. Os garimpeiros, na ânsia de saciarem os seus apetites sexuais, recebem estas senhoras a troco de determinados valores. Todas elas, quando interpeladas, raramente têm os seus documentos pessoais, principalmente o passaporte, o que significa que aqueles que as trazem para o país retêm os documentos. Elas estão sempre sob dependência dos intermediários. A detenção dos documentos