Luan
Luzia é como ficou conhecido um crânio encontrado no município de Lagoa Santa, em MG, ainda na década de 70 e que, atualmente, vem sendo estudado pelo antropólogo brasileiro Walter Neves, sua equipe e alguns colaboradores. Dois aspectos relacionados a este crânio têm relevância direta sobre nossa visão da colonização das Américas pelos primeiros humanos que aqui se instalaram. O primeiro é oriundo das medições morfométricas multivariadas que o aproximam as medidas dos australo-melanésios, ao invés de ameríndios modernos ou povos asiáticos de onde se imagina que essas populações ameríndias modernas se originaram. O segundo aspecto é sua datação, sendo, estimada em algo em torno de 11400 a 16400 anos (e mais recentemente, usando outros métodos, em algo em torno 12.7 a 16 mil anos) que o tornaria os restos humanos mais antigos encontrados em todas as Américas. No entanto, estas datas são contestadas por alguns especialistas pois foram estimadas a partir dos sedimentos das regiões onde o crânio foi supostamente encontrado (o que, segundo alguns, não é muito bem documentado) e não a partir de material do próprio crânio.
Essas evidências, caso corretas, sugerem que o modelo Clóvis de colonização estaria equivocado e que populações humanas teriam chegado as Américas antes do que o normalmente aceito; e em mais de uma onda migratória, com pelo menos uma dessas ondas, mais antiga, originada de populações humanas com características anatômicas distintas das das populações Ameríndias que aqui estavam já na época da chegada dos europeus nas Américas por volta do século XV e XVI e que por aqui ainda vivem.
Não sabemos se e quanto da diversidade genética do povo de Luzia permaneceu nos ameríndios que misturaram-se com os Europeus e Africanos que aqui chegaram e que resultaram em nós, brasileiros modernos. Por isso é difícil saber com Luzia impacta nosso conhecimento da formação do povo