Loucos por física
A necessidade de dividir e classificar os fenômenos estendeu-se para muito além dos arquivos da policia, que tentava acompanhar os passos de homens como Diderot, achava-se no cerne do maior empreendimento de Diderot, a Enciclopédia. Mas, quando se expressou sob a forma impressa, assumi a modalidade que talvez não chame a atenção do leitor moderno. De fato, o texto supremo do ilusionismo pode parecer surpreendentemente desapontador para qualquer pessoa que o consulte com a expectativa de encontrar as raízes ideológicas da modernidade. Para cada observação que contradiz as ortodoxias tradicionais, contém milhares de palavras sobre moagem de cereal, fabricação de alfinetes e declinação de verbos. Seus dezessete volumes de texto, infólio, incluem tamanha mistura de informações sobre tudo, de A à Z, que não se pode deixar de imaginar por que provocou tal tempestade no século XVIII (...). Mas a relação entre a informação e ideologia, na Enciclopédia, levanta questões gerais sobre conexão entre conhecimento e poder. A classificação é, portanto, um exercício de poder. (...) um livro colocado no lugar errado das prateleiras pode desaparecer para sempre. Um inimigo definido como menos que humano pode ser aniquilado. Toda classificação social flui através de fronteiras determinadas por esquemas de classificação tenha ou não uma elaboração tão explicita quanto á de catálogos de biblioteca, organogramas e departamentos universitários. (...) Estabelecer categorias e policia-las é, portanto, assunto seria. Um filosofa que tentasse remarca as fronteiras do mundo do conhecimento mexeria com o tabu. Mesmo que mantivesse distancia dos assuntos sagrados, não poderia evitar o perigo; o conhecimento é, por natureza, ambíguo (...). Portanto, Diderot e d’Alambert se arriscaram muito, ao desmancharem a antiga ordem do conhecimento e traçarem novas linhas entre conhecido e desconhecido.