Lição
Roberto de Paula Barbosa
Loja Maçônica São Paulo.
Outro dia estava passando a pé por um estacionamento de um varejão perto de casa, a caminho da padaria, quando um garoto magrelo, aloirado, roupas aparentemente limpas, perto de doze anos, com uma caixa de engraxate no ombro, veio a mim e perguntou se eu queria engraxar os sapatos. Olhei para ele e para os meus tênis e disse que os tênis não gostam de graxa. Então ele me pediu um dinheirinho para comprar uma caixinha de leite. Normalmente sou da opinião que não se deve dar esmola nas ruas, principalmente para crianças, mas o garoto, a princípio, não parecia ser um pedinte comum. Dei-lhe dois reais, certo de que ele continuaria a pedir para outras pessoas com a mesma desculpa. No retorno da padaria, passando pelo mesmo local, de longe avistei o garoto sentado sobre sua caixa, no estacionamento do varejão. Ele também me viu e veio logo ao meu encontro, abrindo sua caixa e tirando a caixinha de leite para me mostrar: “Olha moço (até agradeci pelo moço) o leite que eu comprei. Inacreditável, foi o meu pensamento naquele instante. Ele estava radiante e um sorriso de satisfação pairava em seu rosto.
Cumprimentei-o pela sinceridade de seu pedido e, num acesso de desprendimento, dei-lhe mais dez reais, dizendo-lhe que era um prêmio pela honestidade e que ele poderia comprar mais leite, se assim o quisesse. “Nossa Senhora, moço, Meu Deus, Nossa Senhora, Nossa Senhora”, dizia ele olhando incrédulo para a nota da arara. “Nunca ganhei tanto engraxando num só dia. Deus lhe abençoe moço. Minha Vó não vai acreditar!”.
Contagiado pela alegria do menino indaguei-lhe de sua casa, pais, irmãos etc. Então ouvi a seguinte história: Seus pais trabalhavam na mesma fábrica de calçados, tinham uma pequena casa, num bairro bem afastado, onde moravam com sua avó, mãe de seu pai, que fazia todos os trabalhos domésticos; não tinha irmãos e viviam uma vida simples. Seu pai dizia-lhe que a honestidade, embora não