Livros
Jean Bazerque
Traduzido por Paulo A. Ferreira
O simples bom senso deveria ser suficiente para se compreender que, no organismo humano, o mau funcionamento de uma pequena engrenagem pode comprometer muitos sonhos. Mas escondemos a morte. Nós a temos sempre na mente porque ela se impõe independente de nós mesmos; mas nunca falamos dela. Outrora, fazia-se o sinal da cruz; hoje em dia, bate-se na madeira. Portanto, a despeito de se fazer isso ou não, quer o queiramos ou não, ela estará lá na sua hora. O homo-sapiens, diferentemente do animal, pensa, mas é tomado de cegueira quando se trata de ver o que é essencial; como se o essencial fosse justamente não pensar nisso! A que seria devida esta obstinação no desinteresse?
É calúnia pretender que com sua pompa fúnebre, suas missas, seu cerimonial, a religião católica tenha contribuído em grande parte para a tristeza da perspectiva da última viagem. Diz-se que no tempo do cristianismo primitivo os enterros se efetuavam com acompanhamentos de cantos alegres, em cortejos de jovens vestidos de branco agitando palmas. Seria essa angústia do mistério da vida de além-túmulo, que não tem podido comover as religiões, o que aperta os corações das testemunhas na partida para a viagem aparentemente sem retorno?
Não é essencial que o Espiritismo tenha trazido ao homem o conhecimento, pela intermediação dos médiuns, de uma parte das leis que regem a vida, a descrição do estado dos seres (entrantes e retirantes) após a grande partida?
O essencial é que o Espiritismo, procurando sob o véu, traz ao ser sofredor um clarão de esperança que dá a certeza da sobrevivência do ser querido.
NÃO! O ESSENCIAL NÃO ESTÁ NAQUILO QUE TU ÉS.
(conforme J.G.).
A confiança na vida futura não exclui as apreensões provocadas pelo desconhecimento da passagem de uma vida à outra. A ciência e a religião são mudas nesse assunto porque lhes falta, a uma e outra, o conhecimento das leis que regem as relações do espírito e da