livro
A PRINCESINHA
Frances Burnett
SARA
Num desses tristes dias de inverno, em que o nevoeiro, amarelado e espesso, invade a tal ponto as ruas de Londres, que é
preciso
lâmpadas
dos
conservar
acesos
estabelecimentos
os
como
focos
elétricos
durante
a
e
noite,
as uma carruagem avançava lentamente através das espaçosas ruas da grande cidade, transportando uma pequenina, muito aconchegada ao pai.
Sentada à turca, com os pés sob o corpo, os seus olhos, profundos e sonhadores, iam contemplando quem passava.
Causava impressão aquele olhar numa criança, como ela era ainda, visto que Sara Crewe tinha apenas sete anos. Mas, apesar de tão pouca idade, a vivacidade do seu pensamento era invulgar; sonhava, imaginava coisas extraordinárias, e a sua cabecinha estava
cheia
de
interrogações
que
fazia
a
si
própria, acerca das pessoas crescidas e do vasto mundo que era seu domínio.
No momento em que começa a presente história, recordava ela a viagem que acabava de fazer, desde Bombaim até Londres, com o pai, o capitão Crewe. Revia o grande navio, os hindus que iam e vinham silenciosamente, as crianças que brincavam na ponte
e
algumas
senhoras,
ainda
novas,
mulheres
de
oficiais, que haviam procurado fazê-la falar e que se tinham divertido muito com as suas respostas inesperadas.
Mas, o que Lhe parecia ainda bem mais extraordinário, era pensar que, depois de ter vivido sob o sol escaldante das
Índias e, em seguida, num grande navio, em pleno oceano, se encontrava, agora,
naquela
carruagem
desconhecida,
que
a
levava através de ruas onde o dia era tão escuro como a noite. Isto
parecia-lhe
um
prodígio
e,
instintivamente,
chegava-se ainda mais ao pai.
- Papá - disse ela, com a sua vozita misteriosa. - Papá!
- Que é, filhinha? - respondeu o capitão Crewe, olhando