Livro Til
Berta estava sentada na soleira da porta da cozinha. Observava Zana, recolhida em seu canto, mexendo a cabeça, quando ouviu passos vindos do mato. Ela se escondeu na cozinha, onde havia uma fresta pela qual podia observar á volta.
Enquanto isso, no momento em que um raio de sol encontrou Zana, a preta levantou-se e iniciou uma estranha mímica. Ela agia como se acendesse uma brasa no fogão, depois como se mexesse no armário, outrora como se conversasse com alguém. Isso se repetia em diversas visitas de Berta, o que a fez imaginar que aquele ritual podia ser resultado de algum trauma pelo qual a preta passara.
Neste meio tempo ouvia-se o chamado “Inhá!…”, era Miguel que procurava pela menina.
Zana continuava sua cena: agia como se atendesse um chamado, espantava-se com algo que vira, embalava junto ao peito algo que poderia ser uma criança, e após algumas transmutações de sua fisionomia caía ao chão, voltava à posição inicial, num canto da cozinha.
O desconhecido
Desde jovem diziam a Berta que ela deveria manter distância daquela casa em ruínas. Mas isto só fez a curiosidade da menina aumentar. Quando tinha ainda 15 anos já se dirigiu para o lugar e percebeu que Zana não passava de uma louca, inofensiva.
A menina sempre teve liberdade para sair de casa e passar horas fora, ela sempre era a verdadeira senhora da casa, por isso visitava Zana tranquilamente. Apesar de Berta ser uma enjeitada (adotada), nhá Tudinha, mãe de Miguel, lhe queria muito bem – dando-lhe mais atenção do que a seu próprio filho.
Zana fazia sua mímica habitual, mas em um ponto parou: cruzou com o olhar de um homem na janela, era Barroso. A negra estremeceu, saiu correndo, topando com paredes da casa. Berta também viu o homem com um olhar que lhe deu repugnância. Barroso, como quem procurasse por algo, após encarar a menina, saiu.
À procura de Zana, Berta ouviu gritos da preta vindos do terreiro. Lá encontrou a mulher sendo atacada por Brás, o idiota. Ao chamado da menina, Brás saiu de