Livro: CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite a Filosofia.
Resenha de “Introdução – Para que a filosofia?”
Em nossa vida cotidiana, às vezes fazemos perguntas simples que contém silenciosamente várias crenças não questionadas por nós. Quando julgamos situações, pessoas, eventos; percebemos que os fatos podem ser comparados e avaliados, julgados pela qualidade ou pela quantidade. Acreditamos que o erro e a mentira são falsidades, mas diferentes porque somente na mentira há a decisão de falsear. Acreditamos que a objetividade é uma atitude imparcial que alcança as coisas tais como são verdadeiramente, enquanto a subjetividade é uma atitude parcial, pessoal; ditada por sentimentos variados. Acreditamos que somos seres sociais, morais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidos por seres conscientes e dotados de raciocínio. Nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. Imaginemos alguém que ao invés discorrer naturalmente sobre certo assunto, começasse a fazer questionamentos do tipo “o que é o tempo?”, “o que é mais?”, “o que são os sentimentos?”. Alguém que adota esse tipo de comportamento estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar os sentimentos e crenças que alimentam nossa existência. Assim, uma resposta à pergunta “O que é a filosofia?” poderia ser: A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido. A Filosofia serve para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações. A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico. De acordo com o patrono da filosofia, o grego Sócrates, a primeira e fundamental verdade