Literatura

Visão 1944
Meus olhos são pequenos para ver Meus olhos são pequenos para ver a massa de silêncio concentrada as fábricas tiradas do lugar, por sobre a onda severa, piso oceânico levadas para longe, num tapete, esperando a passagem dos soldados. funcionando com fúria e com carinho.

Meus olhos são pequenos para ver Meus olhos são pequenos para ver luzir na sombra a foice da invasão na blusa do aviador esse botão e os olhos no relógio, fascinados, que balança no corpo, fita o espelho ou as unhas brotando em dedos frios. e se desfolhará no céu de outono.

Meus olhos são pequenos para ver Meus olhos são pequenos para ver o general com seu capote cinza o deslizar do peixe sob as minas, escolhendo no mapa uma cidade e sua convivência silenciosa que amanhã será pó e pus no arame. com os que afundam, corpos repartidos.

Meus olhos são pequenos para ver Meus olhos são pequenos para ver a bateria de rádio prevenindo os coqueiros rasgados e tombados vultos a rastejar na praia obscura entre latas, na areia, entre formigas aonde chegam pedaços de navios. incompreensivas, feias e vorazes.

Meus olhos são pequenos para ver Meus olhos são pequenos para ver o transporte de caixas de comida, a fita de judeus de roupa negra, de roupas, de remédios, de bandagens de barba negra, prontos a seguir para um porto da Itália onde se more. para perto do muro — e o muro é branco.

Meus olhos são pequenos para ver Meus olhos são pequenos para ver o corpo pegajento das mulheres essa fila de carne qualquer parte, que foram lindas, beijo cancelado de querosene, sal ou de esperança na produção de tanques e granadas. que fugiu dos mercados deste tempo.

Meus olhos são pequenos para ver Meus olhos são pequenos para ver a distância da casa na Alemanha a gente do Pará e de Quebec, a uma ponte na Rússia, onde retratos, sem notícia dos seus e perguntando cartas, dedos de pé bóiam em sangue. ao sonho, aos passarinhos, às ciganas.

Meus olhos são