Literatura e a construção da modernidade e do moderno
A construção da modernidade e do moderno é, antes de tudo, um estilo, uma linguagem, um código, um sistema de signos com normas e unidades de significação. Ou seja, implica em uma visão de mundo. Ser moderno é estar em um tempo e espaço que promete aventura, poder, crescimento, alegria, transformação do ego e do mundo ao redor, mas, ao mesmo tempo, ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que somos e sabemos. O que se disser aqui acerca de modernismo e modernidade vale também para o pós-modernismo e a pós-modernidade.
Antes vamos definir modernismo e modernidade. Modernismo é o fato; modernidade, a reflexão sobre o fato. Henri Lefebvre definia modernismo como a consciência que cada uma das gerações sucessivas teve de si mesma e a consciência que as épocas e os períodos tiveram de si mesmos.
"Sendo uma representação, o modernismo é mais uma fabricação do que uma ação. Ambas têm um ponto de partida, mas só a fabricação conta com um plano claro para a viagem e um ponto determinado de chegada". Digamos que talvez os "grandes" modernismos, os modernismos radicais, sejam uma ação; a maioria é fabricação.
Se o modernismo é fabricação, a ação é a modernidade. Voltamos ao ponto de partida: o modernismo é o fato, a modernidade é a reflexão sobre o fato; a modernidade é a crítica ou o esboço de crítica, menos ou mais desenvolvidos; é ainda a autocrítica, quando esta existe. É uma tentativa de conhecimento. O modernismo é a certeza e não raro a arrogância do produtor, enquanto a modernidade é a interrogação, a dúvida e a reflexão. É claro que existe muita reflexão arrogante, demasiadamente certa, mas de suas dúvidas.
A modernidade é uma ação por ser um processo de descoberta; tem um ponto de partida e um programa de trabalho, mas o ponto de chegada é incerto e desconhecido. Seu trajeto não é resultante de um projeto individual de uma só pessoa, mas da somatória ocasional, por acaso, da escolha de vários e