Literatura e homoerotismo: a escrita homoerótica em grande sertão: veredas
Por: Dil Milaine Henrique de Jesus
Resumo: Esse trabalho busca abordar a configuração da escrita homoerótica em Grande Sertão: Veredas, mostrando que apesar da existência de um amor que realiza-se apenas no plano ideológico (posto que trata-se de um amor entre corpos iguais) a obra não deixa de trazer os vestígios homoeróticos através das representações do corpo, do olhar e do desejo interdito na mesma.
Introdução:
No passado, a literatura brasileira não abordou com muita frequência a questão do homoerotismo. Poucos foram os autores que se propuseram a apresentar a temática da homossexualidade, de uma forma mais explícita, em suas obras. Eis a seguir algumas delas: O ateneu (1888), O cortiço (1890), Bom-crioulo (1895), Capitães da areia (1937) e Crônica da casa assassinada (1959). E como um dos precursores na abordagem do tema homoerótico, temos o conto machadiano "Pilades e Orestes", de Relíquias da casa velha (1906). Foi apenas a partir da década de 1970, que a literatura passou a apresentar a temática homoerótica de uma forma mais intensa, isso se deu devido ao fato de os movimentos sociais da época buscarem o reconhecimento do homossexual na sociedade e de surgir também neste período um pensamento mais tolerante à diferença. Ao longo das últimas décadas, pode-se constatar que houve uma maior aceitação da homossexualidade pela sociedade e consequentemente tivemos um aumento expressivo dessa temática na literatura. Como já citado anteriormente, temos várias obras na literatura brasileira que trazem a temática do homoerotismo. Esse trabalho trará à luz um estudo sobre a obra Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa que, apesar de ter o tema do homoerotismo presente do início ao fim do romance, tem sido pouco explorado pela crítica roseana. Pretende-se com esse artigo, a partir de uma reflexão sobre a sedução, o olhar e o desejo interdito, comprovar que tal obra pode ser