Literatura latina: epigramas de Marcial
Marcial, Marcus Valerius Martialis, viveu, aproximadamente, entre 44 e 102 d.C.², nasceu em Bilbao, Espanha. Ainda jovem foi para Roma seguir carreira de poeta, lá viveu às custas de patrões, na condição de cliente e manteve sua sobrevivência com a poesia. Em Roma foi contemporâneo de Plínio, o jovem, viveu e morreu pobre.
Marcial escreveu mais de 1500 epigramas em sua obra de 12 volumes, suas principais influências foram Catulo e Ovídio. Predomina em seus escritos poemas circunstanciais, dada sua condição de cliente, nos quais fica perceptível a agudez e a acidez das críticas do autor à sociedade de sua época.
“Eu escrevo, tu dizes, versos muito livres (...). Tu os deplora, Cornelius; mas esses volumes são como maridos para suas esposas: eles não saberiam agradar se fossem castrados...” I.35
18 Epigramas de Marcial
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes *** Lesbia se iurat nunquam fututam. verum est. cum futuit vult, numerare solet.
Lésbia jura: trepar de graça, nem pensar.
Verdade pura: é ela que tem sempre que pagar. *** Illa salax nimium nec pausis nota puellis stare Lino desit mentula. lingua, cave.
O caralho de Linus — manjado por todas as minas — não levanta mais. Te cuida, língua. *** Ignotos mihi cum voces trecentos quare non veniam vocatus ad te mirares quererisque litigasque.
Solus ceno, Fabulle, non libeter.
Você chama trocentas figuras pra jantar na sua casa e fica puto se eu furo.
Ficar na minha, Fabule, é mais seguro. *** Nullus in urbe fuit tota qui tangere vellet uxorem gratis, Caeciliane, tuam, dum licuit: sed positis custodibus ingens turba fututorum est: ingeniosus homo est.
Tempos atrás, Ceciliano, ninguém queria
(nem de graça) comer sua mulher.
Agora, com os seguranças sempre por perto, a turma toda quer: garoto esperto. *** Una nocte quater possum: sed quattuor annis
Si possum, peream, te Telesilla semel.
Quatro bimbadas numa noite, dou tranqüilo, pode crer;