Literatura de cordel
(A serpente e o vaga lume)
Lembro uma história envolvente
De um vaga lume brilhante
E de uma enorme serpente
Que o persegue a todo instante
Seja noite ou seja dia
Enquanto ele fugia
Da terrível predadora
A cobra por sua vez
Não desistia, talvez
Pra não sair perdedora
O vaga lume porém
Voava pra todo lado
Da serpente era refém
Não importava o cuidado
Nove horas sem parar
A serpente a lhe caçar
Só Deus é quem lhe carrega
A cobra com muita fome,
Se correr o bicho come
Se ficar o bicho pega
Sei que na perseguição
Já passavam quinze horas
A serpente em ação
Por cima de pedras, floras
Não queria nem saber
Pois só pensava em comer
Aquele tão pequenino
Que caçava a quase um dia
Que com fé e nostalgia
Fazia o seu destino
Eis que um dia se passou
Nessa fuga alucinante
A escuridão desmaiou
Sobre o solo fecundante
Com a visão ofuscada
A serpente sem ver nada
Seguia o ponto brilhante
E o vaga lume coitado
Brilhando, mas tão cansado
Lamentava a todo instante
E a peleja tão intensa
Dois dias logo passaram
Cada qual na recompensa
Pelos dias caminharam
Mas já no terceiro dia
O cansaço que batia
No vaga lume pequeno
O fez se comunicar
Com a serpente, que ao parar
Ouviu lamento sereno
O vaga lume falou:
Posso algo lhe perguntar?
E a serpente indagou
Não sou bem de conversar
Já que vou de todo jeito
Fazer um lanche perfeito
Abrirei uma excessão
Pergunte o que quer saber
Depois irei lhe comer
Já é certa esta questão
E o vaga lume intenso
Começou a perguntar:
-Eu por acaso pertenço
A cadeia alimentar
Que a senhora está inclusa?
Sei que tudo se abusa
Mas pode me responder?
-Não pertences, a este grau.
-Eu já lhe fiz algum mal?
Pra senhora me comer?
E a resposta da serpente
Foi a seguinte: -fez não
Mas 'inda' vou te comer
Por conta da indagação
E o pequeno vaga lume
Sem procedência ou costume
Voltou a lhe perguntar:
-Por que queres me comer?
-Porquê eu cansei de ver
O seu jeito de