Literatura africana
Regina da Costa da Silveira*
Resumo
A cultura sabe-se histórica, formada pela intersecção de narrativas relacionadas com acontecimentos passados em contínuo processo de recriação de sentidos. Para refletir sobre as manifestações da cultura que compõem o cenário sócio-histórico do romance Balada de amor ao vento, de Paulina Chiziane, necessitamos de teorias que nos expliquem em que consistem os mitos e ritos no âmbito da comunidade, no caso, a sociedade moçambicana. Nessa reflexão, conta-se com o apoio teórico-crítico de Hannah Arend para analisar os itens labor, trabalho e ação, que caracterizam a condição humana para além dos ritos e das condições específicas de determinada comunidade.
Palavras-chave: Cultura. Sociedade
Preâmbulo
A história de uma nação corresponde à condição humana em seu conjunto. Para Hannah Arendt (2009), existem três atividades fundamentais como expressão da vida ativa: labor, trabalho e ação. O labor é visto como a atividade pela qual o homem atenderia a suas necessidades mais imediatas, vitais, porque ligadas ao processo biológico do corpo humano, ao seu crescimento e desenvolvimento. Como fator indispensável para assegurar a sobrevivência individual e da espécie, o labor seria, por isso mesmo, o processo da vida. O trabalho, por sua vez, é visto como uma atividade claramente distinta de
moçambicana. Condição humana.
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Professora Titular do PPG Mestrado em Letras do UniRitter, Laureate International Universities. Editora de Nonada Letras em Revista.
Data de submissão: abr. 2011. Data de aceite: jun. 2011.
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Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo - v. 7 - n. 1 - p. 82-90 - jan./jun. 2011
todas as circunstâncias naturais, que proporciona um “artificial mundo de cosas” (ARENDT, 2009, p. 21), pois concede uma medida de permanência e durabilidade à futilidade da vida mortal e ao efêmero caráter do tempo