LinLinguagem – As práticas discursivas como locus de investigação
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Linguagem – As práticas discursivas como locus de investigaçãoLanguage – Discourse practices as locus of investigation
Letramento escolar: construção dos saberes ou de maneiras de impor o saber?
Roxane Helena Rodrigues Rojo, LAEL, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
Pesquisas e abordagens relativamente recentes no campo do letramento (Graff, 1979; Kleiman, 1995a; 1995b; Scribner & Cole, 1981; Signorini, 1995; 1998b; Street, 1984; 1993) não mais enfocam o letramento e a construção da escrita como fenômenos universais, indeterminados social e culturalmente e responsáveis pelo progresso, a civilização, o acesso ao conhecimento e à mobilidade social. Define-se hoje o letramento como um conjunto de práticas sociais ligadas, de uma ou de outra maneira, à escrita, em contextos específicos, para objetivos específicos. As práticas letradas escolares passam então a ser apenas um tipo de prática social de letramento, que, embora continue sendo, nas sociedades complexas, um tipo dominante - relativamente majoritário e abrangente -, desenvolve apenas algumas capacidades e não outras.
Para discutir estas mudanças, primeiramente apresentarei uma breve síntese das visões de letramento presentes nas pesquisas das últimas duas décadas e, a seguir, discutirei os efeitos que estas mudanças de perspectiva tiveram sobre o enfoque das relações entre letramento e escolarização. Assumindo então – contra a dicotomia letramento/escolarização – a noção contextual de “letramento escolar”, passarei a discutir as características mais específicas do processo de letramento escolar e de seu funcionamento, enquanto processos discursivos. Neste momento, apresentarei e analisarei alguns recortes de interação de sala de aula de escolas (pública e privada) do Ensino Fundamental, em aulas de diferentes disciplinas (Ciências, História, Geografia), com a finalidade de explorar duas destas características:
a construção do saber escolar (“científico”), no nível da linguagem e do