Linguística Portuguesa 2, FLUC, Categoria morfossintáctica de género

Propostas de Joaquim Mattoso Câmara Jr. e de Alina Villalva
Categoria morfossintáctica de género

Alina Villalva e Mattoso Câmara definem o conceito de género de formas diferentes. Para
Alina, género é uma propriedade inerente a todos os radicais nominais, uma informação gramatical que todos possuem e que a variação não é obrigatória, nem sistemática. Assim, a linguista defende que os contrastes de género não são de realização flexional. Ao passo que, Mattoso, defende que género é uma categoria morfológica, uma distribuição dos nomes em classes mórficas. Entende que os nominais substantivos e os adjectivos têm flexão de género, à excepção dos nomes que só podem ser usados como adjectivos, esses não realizam a flexão.
Quanto à regra da associação de género a sexo, ambos parecem notar alguns problemas.
Mattoso diz que género não está intimamente ligado ao sexo dos seres, porque género abrange todos os seres, sejam eles animais, providos de sexo, ou coisas. E que, mesmo em significantes de pessoas e animais há discrepância entre sexo e género, é o caso dos substantivos epicenos, nos animais, que são sempre femininos ou sempre masculinos, a que ambos os linguistas fazem referência. Alina explica a situação situando a raiz do problema na origem da língua portuguesa, uma vez que devido ao desaparecimento do valor neutro na generalidade das línguas românicas, todos os nomes de entidades inanimadas tiveram de inscrever-se no feminino ou no masculino.
Assim, a atribuição de valor de género nos radicais nominais inanimados é acidental. Enquanto os radicais nominais animados obedecem à regra da relação género gramatical-sexo, não sendo todavia uma regra universal por se registarem as excepções: radicais nominais masculinos que referem mulheres e o contrário.
Partindo deste ponto comum, as duas propostas seguem rumos diferentes na desconstrução da forma como o género se manifesta linguisticamente. Alina considera a existência de três valores de género