Linguagem e escola: uma perspectiva social magda soares
Magda Soares
A autora trata do fracasso escolar, dos altos índices de repetência e evasão que ocorrem nas camadas populares, intensificando a desigualdade social no Brasil. Embora haja um discurso em favor da educação, inspirado em ideais democrático-liberais que localiza no ensino a oportunidade da conquista de igualdade social, a realidade ainda não é esta. Há muita luta ainda a ser enfrentada para que este objetivo seja alcançado. Dois são os principais problemas percebidos: não há escola para todos e, muitos dos que nela ingressam não conseguem aprender (há altas taxas de repetência) ou não conseguem permanecer (ocorre o abandono). Dos alunos que entram na escola poucos são os que a concluem. Estes fatores demonstram a “pirâmide social brasileira”. Há três correntes que buscam uma explicação para este fato. A primeira delas, a ideologia do dom, sob a forma de um discurso cientifico, diz que há desigualdades individuais naturais, mensuradas pelas aptidões intelectuais, que explicam as diferenças de rendimento escolar. Pelas desvantagens intelectuais, de dom, aptidão e de inteligência, ou seja, por incapacidade de responder às “oportunidades recebidas”, é que o aluno fracassa. A ideologia da deficiência cultural, como segunda corrente, defende a idéia de que as classes dominantes são “superiores”. Suas condições de vida e formas de socialização favorecem o desenvolvimento dessa característica. A cultura, então, é que determina o sucesso ou o fracasso escolar, de acordo com o contexto cultural de cada um, não havendo oportunidade para as classes mais baixas. A ideologia das diferenças culturais enfatiza que ser diferente das classes dominantes, nas sociedades capitalistas, é ser inferior. Os padrões das classes dominadas são vistos como uma sub-cultura. A escola, nesse contexto, assume e valoriza a cultura da classe dominante, tratando de forma discriminada a diversidade