LINGUAGEM SOCIAL
Depois de assistir ao filme “O Enigma de Kaspar Hauser de Werner Herzog, 1974” refletimos sobre a importância da aquisição da linguagem para o convívio social e para a sobrevivência do próprio ser humano em si.
O fato de Kaspar Hauser ter vivido muito tempo isolado de outras pessoas trouxe-lhe graves consequências em sua formação como sujeito e como individuo. Por meio do filme podemos fazer uma reflexão sobre o papel da cultura e da linguagem em vários aspectos, social, cultual e cognitivo. Para Kaspar Hauser, todas as frases são vazias de significado porque não viveu a experiência da linguagem nas relações intersubjetivas.
“Conhecer o mundo pela linguagem, por signos linguísticos, parece não ser suficiente para Kaspar Hauser. Vygotsky insiste que o pensamento e a linguagem se originam independentemente, fundindo-se mais tarde no tipo de linguagem interna que constitui a maior parte do pensamento maduro” (Saboya, 2001-p. 5)
Outra citação que reforça a tese de que a linguagem não pode estar dissociada do convívio social é a que Saboya aponta: “Kaspar Hauser não passou por um processo de socialização, onde exercitaria a compreensão através da pratica social, não consegue atribuir significado ás coisas, mesmo tendo adquirido a linguagem. Assim, analisando o caso de Kaspar Hauser, somos levados a pensar que não apenas o sistema perceptual mas as estruturas mentais e a própria linguagem são resultantes da pratica social, ou seja, as praticas culturais” modelam” a percepção da realidade e o conhecimento por parte do sujeito.O desenvolvimento da linguagem requer a sua socialização para propiciar o seu desenvolvimento, evolução e perpetuação como espectro cultural.
SABOYA, Maria Clara Lopes. O ENIGMA DE KASPAR HAUSER (1812-1833): UMA ABORDAGEM PSICOSSOCIAL. Psicologia USP vol.12 nº2. São Paulo 2001.