Linguagem, pensamento e representações sociais
Skinner inicia o seu Verbal Behavior com a seguinte frase: “Os homens agem sobre o mundo e o transformam, e são, por sua vez, transformados pelas consequências de suas ações”. E mais adiante define comportamento verbal como todo aquele mediado por outra pessoa, e assim inclui, no verbal, gestos, sinais, ritos e, obviamente, a linguagem. Assim, podemos dizer que o homem ao falar transforma o outro e, por sua vez, é transformado pelas consequências de sua fala.
Porém é necessário, para uma compreensão mais profunda do comportamento verbal, analisá-lo em um contexto mais amplo considerando-se o ser humano como manifestação de uma totalidade histórico-social, produto e produtor de história.
Deste modo partimos do pressuposto que a linguagem se originou na espécie humana como consequência da necessidade de transformar a natureza, através da cooperação entre os homens, por meio de atividades produtivas que garantissem a sobrevivência do grupo social. O trabalho cooperativo exigindo planejamento, divisão de trabalho, exigiu também um desenvolvimento da linguagem que permitisse ao homem agir, ampliando as dimensões de espaço e tempo.
A linguagem, como produto de uma coletividade, reproduz através dos significados das palavras articuladas em frases os conhecimentos — falsos ou verdadeiros — e os valores associados a praticas sociais que se cristalizaram; ou seja, a linguagem reproduz uma visão de mundo, produto das relações que se desenvolveram a partir do trabalho produtivo para a sobrevivência do grupo social.
Sob esta perspectiva, qualquer análise da linguagem implica considerá-la como produto histórico de uma coletividade. (Skinner define “tato” como sendo os significados das palavras, e seriam variáveis independentemente produzidas pelo grupo social ao qualo indivíduo pertence.) Desta forma a aprendizagem da língua materna insere a criança na história de sua sociedade, fazendo com que ela reproduza em poucos anos o