linguagem musical
Por Bernard von der Weid O som já nasce da natureza, com o vento soprando nas árvores, os trovões, a fala dos animais. A música já vem desde os primórdios com o canto dos pássaros. O homem aos poucos vai procurando conversar com essa natureza e, ao tentar imitá-la, cria seus primeiros instrumentos, que são as folhas de árvores dobradas, por onde eles conseguem tirar um assobio ou com apitos de barro e flautas de bambu. Assim se aperfeiçoa e passa não somente a imitar sons mas também a criá-los, de acordo com seu sentimento, sua vivência, com o mundo que o cerca.
Quando os meios de comunicação eram pouco desenvolvidos, a voz do homem comum corria livre e, de boca em boca, o que permitiu que o seu canto, a sua vivência, formasse uma cultura forte e plural. Nosso país é fantástico na diversidade de ritmos que traduzem diferentes formas de estar no mundo.
O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa quase alijou essa cultura musical popular, isolando-a em suas próprias localidades. Esse desenvolvimento veio junto com todo um processo de controle da informação e assim, ficou instaurado todo um perverso processo de alijamento das camadas populares tanto dos benefícios do desenvolvimento econômico (nosso país é dos piores em relação à distribuição de renda) quanto da participação desses meios de comunicação, falando de sua maneira de ver e viver seu mundo.
Então, partimos desse ponto: concentração da riqueza e concentração dos meios de comunicação de massa.
As camadas mais pobres estabeleceram formas próprias de participação na construção deste país, não apenas como mão-de-obra. A linguagem musical, por exemplo, é uma dessas formas. Através da música, o trabalhador comum se fez presente e marcou profundamente a cultura da sociedade brasileira, “falando” de sua maneira de ver, viver e pensar o mundo onde está inserido.
A música não apenas “fala” a partir de uma inserção no mundo, mas ela é das poucas atividades