lingua e cognicao
Sofia Miguens
Para além do muito interesse que a figura heterodoxa de Noam Chomsky tem como intelectual—trata-se de um académico que é ao mesmo tempo insider e criador teórico, outsider e crítico político — é um facto que a sua investigação em linguística, entendida como uma teoria computacional funcionalista da mente/cérebro, abriu caminho para as actuais ciências cognitivas.
A investigação de Chomsky em gramática generativa, que tem como objectivo fazer "ciência natural de um módulo da mente humana", concebe a teoria da linguagem no quadro de um mentalismo funcionalista e é um exemplo central do cognitivismo simbólico.
O mentalismo característico das ciências cognitivas não envolve qualquer apelo a estruturas estranhas ao mundo físico e impôs-se com Chomsky na linguística como um "anti behaviorismo" necessário ao estudo da linguagem humana. Este foi um dos primeiros passos da "revolução cognitiva" em psicologia no fim dos anos 50. O ponto de Chomsky era então que se pode continuar a admitir que um comportamento (por exemplo o uso de língua natural num humano) é causado sem necessariamente o ver como resposta provocada pelo ambiente externo. Na sua célebre polémica com B.F. Skinner, Chomsky insiste em distinguir o seu problema em teoria da linguagem ("Quais são os determinantes causais do comportamento verbal?") da questão skinneriana ("Quais são os estímulos que provocam o comportamento verbal?"). A abordagem skinneriana impede por princípio o acesso da teoria ao conhecimento acerca da estrutura que deve ser segundo Chomky o explanandum básico da teoria linguística. E para Chomsky a compreensão do conhecimento acerca da estrutura só pode ser ganha postulando estados e processos mentais.
Antes de dar alguns exemplos dos estados e processos existentes na mente humana para possibilitar o conhecimento e uso de linguagem de acordo com Chomsky, convem notar que com a proposta recente de um Programa Minimalista (cf Chomsky, Minimalist