Lingua portuguesa
Os Lusíadas
Despedidas em Belém
É chegado o momento de Vasco da Gama narrar ao rei de Melinde a partida da armada para a viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia. Recorda que esta parte da ação só agora é narrada em analepse, através da retrospetiva que o narrador faz, visto ser obrigatório que a narração da epopeia épica clássica se iniciasse in media res.
Nas estrofes 84 e 85 é descrito o ambiente festivo que se vivia no dia da partida, contrapondo-se aos momentos apresentados nas estrofes seguintes, quando os navegadores, preparando a viagem”Aparelhámos a alma pera a morte”, imploram a favor do divino e escutam os lamentos e o choro das muitas pessoas que acorreram à praia (88 à 92) e até da própria natureza que participa nestes sentimentos (92)
Dentre essas muitas pessoas, destaca-se a figura de uma mãe (90) e de uma esposa (91),que, transmitindo a dor de todas as outras, revelam a sua tristeza pela incerteza do regresso dos seus familiares. O discurso de ambas apresenta várias interrogações, as chamadas interrogações retóricas, para as quais não se espera uma resposta direta, mas que pretendem realçar, neste caso, os sentimentos de dúvida e aflição destas pessoas.
Mas o propósito de partir era firme, por isso Vasco da Gama diz ao rei de Melinde que, apesar de estar “Cheio dentro de dúvida e receio” (87) embarcam “Sem o despedimento costumado” (93) antes que se arrependessem. É notória nesta estrofe a emotividade.
A partida fez-se na praia de Belém “Que o nome tem da terra pera exemplo, donde Deus foi em carne ao mundo dado” esta perífrase poderia substituir-se por uma simples palavra, Belém mas perder-se-ia toda a beleza da comparação entre o lugar onde Cristo nasceu e o lugar onde partiram as naus portuguesas.
Velho Restelo
Este episódio insere-se na narrativa feita por Vasco da Gama ao rei de Melinde. No momento em que a armada do Gama está prestes a largar de Lisboa para a grande viagem, uma figura