lingua portuguesa em angola
A adopção da língua do antigo colonizador como "língua oficial" foi um processo comum à grande maioria dos países africanos. No entanto, em Angola deu-se o facto pouco comum de uma intensa disseminação do português entre a população angolana, a ponto de haver uma expressiva parcela da população que tem como sua única língua aquela herdada do colonizador. Entre 1575 e 1592 estima-se que tenham desembarcado em Angola 2340 portugueses, embora apenas 300 permanecessem em Luanda em 1592, pois 450 teriam sido vítimas de guerras e doenças e os restantes ter-se-iam fixado no interior, onde assimilaram as línguas e culturas africanas . O número de mulheres europeias na colónia seria muitíssimo reduzido, o que significa que a larga maioria dos filhos dos colonos, mestiços, eram educados por mulheres africanas que lhes ensinavam as suas línguas. Entre 1620 e 1750 o kimbundu afirmou-se como a língua mais usada em praticamente todos os lares de Luanda e na vida diária da cidade. O estabelecimento de uma elite afro-portuguesa — que ocupava os principais cargos da administração pública e estava envolvida no tráfico de escravos — foi o factor que mais contribuiu para esta situação Embora tivesse um bom conhecimento de português, esta elite era falante nativa de kimbundu ou kikongo .
Desenvolvimento
Com a independência em 1975, o alastramento da guerra civil, nas décadas subsequentes, levou à fuga de muitas centenas de milhares de angolanos das zonas rurais para as grandes cidades — particularmente Luanda — levando ao seu desenraizamento cultural. Data desta época a construção de enormes zonas de habitações precárias — os musseques — que ainda hoje caracterizam a capital angolana. Esta deslocação interna haveria, contudo, de favorecer a difusão da língua portuguesa, já que esta se tornaria a única língua de contacto dos refugiados internos entre si e com os habitantes destas cidades. Após a paz