Lingua brasileira de sinais na formaçao de pedagogos
Celia Szniter Mentlik Doutora FFLCH / USP
No tocante à preservação de formas religiosas e culturais em contextos de larga e prolongada dispersão geográfica, o povo judeu apresenta uma História realmente singular. Uma vez que poucos grupos se lhe oferecem algum paralelo nesse aspecto, e que, não raro, a perplexidade gerada pela dispersão de sua presença no mundo ocasionou dúvidas e suspeições, quando não verdadeiras paranóias, como as expressas no texto “Protocolos dos Sábios do Sião” 1 , pareceu-nos interessante pensá-lo à luz da Antropologia Cultural, levando em conta questões como o papel central da religião no estabelecimento da identidade grupal e na organização de estratégias de sobrevivência no exílio. Apesar de haver se estabelecido de forma sedentária em diversos territórios durante sua longa dispersão, que remonta a 70 D.C. (data da destruição do II Templo) 2 , organizando-se em pequenas comunidades nas mais variadas regiões do planeta, possivelmente com pouca intercomunicação entre si durante largos períodos, esse povo logrou preservar certa identidade, com vitalidade cultural suficiente para reorganizá-lo politicamente no Estado de Israel, declarado um país independente em 1948.
1 Texto apócrifo que surge na Rússia czarista em 1903 imputando aos judeus uma suposta conspiração para dominar o mundo. 2 Destruído pelo general romano Tito e do qual restou apenas o sítio hoje denominado de Muro das Lamentações, em Jerusalém.
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Forças da mesma natureza podem ter atuado ainda para manter relativamente coesas ou re-aglutinar indivíduos e famílias em torno de novas coletividades judaicas na Diáspora depois da Shoah na Europa, e das expulsões de comunidades de alguns países árabes por razões políticas, em função do conflito no Oriente Médio, ocorridas na década de 50. O judaísmo da Antigüidade se transformou e se recriou ao longo de todo esse período, mas preservou sua unidade, fundamentalmente no aspecto