Linchamentos baseado em durkheim

Os linchamentos ocorridos no início do ano evidenciam uma insatisfação social em relação à segurança pública que, aparentemente ineficaz, não mantém a ordem social. Isso gera, na sociedade, um sentimento de vulnerabilidade a quaisquer atos que ofendam a consciência coletiva. Como resposta a esta insatisfação, uma pequena parcela da população manifesta sua revolta por meio da agressão.

A partir da cultura e contexto nos quais uma sociedade está inserida, dá-se o caráter da mesma. Um conjunto de ideias morais e normativas comuns entre os indivíduos de uma sociedade, forma a consciência coletiva do grupo, que é passada adiante por instituições como a família e a escola como regras fundamentais para a convivência em sociedade. Portanto, para estar nessa sociedade, é necessário compreender e seguir um determinado código de conduta imposto pela mesma. Qualquer atitude que diverge da consciência coletiva, ou até mesmo a ofenda, é reprimida por um tipo de vigilância pública com uma pena equivalente à gravidade do ato.

Um linchamento pode ser analisado de um ponto de vista sociológico como uma manifestação de solidariedade mecânica, aonde a consciência coletiva prevalece, oprimindo quaisquer indivíduos que vão contra sua hegemonia. Por exemplo, o jovem que foi preso ao poste sofreu as consequências por ter assaltado uma lanchonete, ou seja, por ter infringido a consciência coletiva, que julga o ato de "roubar" inaceitável. Pode ser visto, também, como uma manifestação de solidariedade orgânica, aonde os indivíduos exercem a função do poder moderador, mesmo cientes de que isso cabe a uma instituição pública, e não a si. Assim, manifesta a sua consciência individual em relação a uma infração da consciência coletiva.

Uma sociedade em estado normal não manifesta instabilidade. Isso pode se dar por diversos motivos, desde falta de escolaridade, impedindo a criação de um senso crítico individual, a uma repressão na liberdade de expressão. Pode-se dizer que existe uma