Liderança
DESIGUALDADE SOCIAL
Igor Zanoni Constant Carneiro Leão26
RESUMO
O Estado de compromisso que caracteriza o período populista, marcado por uma centralização do poder político e a construção das bases fundamentais do capitalismo industrial no Brasil, conviveu com formas pretéritas, oriundas do período colonial e ainda atuais, de poder e de mando. Neste texto mapeiam-se alguns textos e temas sobre a cultura politica brasileira da dádiva, indicando sua atualidade, à qual correspondem a heterogeneidade e desigualdade sociais que marcam nossa formação nacional.
Palavras-chave: Populismo. Democracia. Desigualdade social.
INTRODUÇÃO
O período entre a recuperação da crise do complexo cafeeiro, sob a égide da revolução de outubro de 1930, e a crise que se seguiu ao boom da industrialização pesada e a derrota política do Plano Trienal, culminando na revolução de março de 1964, teve como uma contraface política a centralização do poder estatal na forma do compromisso populista. Este constrói as bases fundamentais do capitalismo industrial no Brasil, mas convive com formas pretéritas de poder e de mando, que se originam no período colonial e sobrevivem até nossos dias. Desejo neste artigo mapear alguns temas e textos sobre a cultura política brasileira da dádiva, destacando a ruptura parcial do populismo e sua variante nacionalista. Meu objetivo é indicar a atualidade da cultura da dádiva, expressa sobretudo no clientelismo, com sua correspondência na nossa heterogeneidade e desigualdade sociais.
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Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná, doutor pelo
Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, igorzaleao@yahoo.com.br.
DESENVOLVIMENTO
Teresa Sales, em Raízes da desigualdade social na cultura política brasileira, percorre alguns autores clássicos da nossa formação política, retratando a construção da cidadania brasileira cuja primeira expressão nomeia
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