Liberdade
A ideia básica, inclusive a do senso comum em diferentes épocas, é a de que é livre quem pode agir sem nenhum tipo de restrição, sem ser influenciado por nenhum fator diferente da própria vontade. Esta também é a ideia de muitos filósofos.
Para Aristóteles, por exemplo, a liberdade tem a ver com a escolha consciente das virtudes ou dos vícios que cada indivíduo pode realizar. Mesmo que os apetites humanos (desejos, emoções, sentimentos) sejam muito fortes, a vontade, no fim, prevalece. Neste caso, o indivíduo é livre. Ou seja, livre é quem é a causa de suas próprias ações.
Há estudiosos que afirmam que na Grécia a noção de liberdade estava muito atrelada ao mundo público, ou seja, era bastante reduzida em termos numéricos, pois nem todos eram cidadãos. Entre iguais, exercia-se a liberdade, mas a ideia de liberdade no mundo privado era mais restrita, pois o mundo privado é o mundo das necessidades (por necessidade compreenda tudo que se opõe à liberdade). Além disso, o mundo privado é o espaço das desigualdades, ao contrário do mundo público ou político.
Foi apenas com o filósofo Santo Agostinho (354-430) que surgiu a concepção mais explícita de livre-arbítrio (vontade livre). A ideia é a de que a liberdade é um estado interior, uma condição da alma. Liberdade é uma faculdade da razão e da vontade, ou seja, liberdade é uma capacidade ou disposição inerente à vontade e à razão, não dependendo de condições externas ao indivíduo.
Com o filósofo francês René Descartes (1596-1650), a abordagem do livre-arbítrio continua válida. Descartes defendia a necessidade da razão de neutralizar as imposições da paixão quando elas não são propícias ao ser humano. A análise acurada das paixões e a força para não se submeter a elas é que indica a presença do livre-arbítrio como liberdade