Liberalismo Teoria e Pr tica
LIBERALISMO:
TEORIA E PRÁTICA1
A primeira tarefa dos homens que assumiram o poder depois da
Independência foi substituir as instituições coloniais por outras mais adequadas a uma nação independente.
Entre os que se reuniram na Assembléia Constituinte se encontravam
vários sacerdotes, fato nada surpreendente num país em que a Igreja havia tido o monopólio da cultura e o clero sempre desempenhara papel importante na administração.
Os outros eram funcionários públicos ou profissionais liberais: advogados, médicos, professores diplomados na Universidade de Coimbra ou em alguma outra instituição européia, uma vez que não existiam universidades no Brasil. Havia também comerciantes e fazendeiros.
Mas, qualquer que fosse sua condição social ou profissional, os deputados à
Assembléia Constituinte estavam unidos por laços de família, amizade ou patronagem a grupos ligados à agricultura e ao comércio de importação e exportação, ao tráfico de escravos e ao comércio interno. Não é, pois, de espantar que tenham organizado a nação de acordo com os interesses desses grupos.
À forma republicana de governo, as classes dominantes brasileiras
adotaram, em 1822, uma monarquia constitucional com a qual esperavam conseguir unidade e estabilidade política.
O liberalismo brasileiro, no entanto, só pode ser entendido com referência
à realidade brasileira. Os liberais brasileiros importaram princípios e fórmulas políticas, mas as ajustaram às suas próprias necessidades.
Na Europa, o liberalismo foi originalmente uma ideologia burguesa,
vinculada ao desenvolvimento do capitalismo e à crise do mundo senhorial. As noções liberais surgiram das lutas da burguesia contra os abusos da autoridade real, os privilégios do clero e da nobreza, os monopólios que inibiam a produção, a circulação, o comércio e o trabalho livre. Na luta contra o absolutismo, os liberais defenderam a teoria do contrato social, afirmaram a soberania do povo e a supremacia da lei, e lutaram