Levante dos Malês - Uma rebelião escrava
INTRODUÇÃO
Esse trabalho, busca analisar o Levante dos Malês, ocorrido na Bahia em 1835. Para isso, procuramos compreender o contexto histórico em que ele se passou, levando em conta os fatores sociais, políticos, econômicos e culturais da Bahia na primeira metade do século XIX, e também as particularidades dos escravos africanos dentro daquela sociedade.
Através da análise das condições de vida e trabalho de escravos e libertos africanos, do papel da religião em suas vidas e da importância das etnias como fator de coesão dos rebeldes, buscamos traçar um perfil dos revoltosos, para entendermos as motivações dos rebeldes, como o conflito se desenrolou, como foi deflagrado e por fim quais punições aplicadas aos rebeldes.
SOCIEDADE E ECONOMIA
Para entendermos o movimento escravo, ocorrido na Bahia em 1835, conhecido como o Levante dos Malês, é preciso compreendermos primeiro o cenário social e econômico baiano da primeira metade do século XIX.
A Bahia daquele momento era composta por uma diversidade de classes sociais, onde o setor dominante, formado por senhores de engenho e grandes comerciantes urbanos, e a principal classe trabalhadora, formado por escravos, representavam apenas uma parte do todo. Os senhores de engenho eram a classe dominante porque, além de controlar os principais meios de produção, eles também detinham poder político, social e simbólico, mas estavam longe de serem os únicos proprietários de escravos. Estes estavam distribuídos em todas as categorias sociais, existindo inclusive escravos que possuíam escravos. “As relações senhor/escravo constituíam a matriz estruturadora da sociedade e da economia.” (Reis, 1986, p.13). Mas existiam outras categorias sociais que desempenhavam um papel importante, principalmente no meio urbano. “Os setores livres pobres, sobretudo de descendência africana, cresciam com rapidez desde pelo menos a segunda metade do século XVIII. Ao lado dos escravos, eles constituíam a