Letras
“Ninguém é doido. Ou, então, todos.”
Voltado para o espaço e as personagens do sertão, Guimarães Rosa renova profundamente o sentido do regionalismo literário. Esse estilo absolutamente novo transcende o regionalismo tradicional e revela uma sintaxe particular do autor.
Sua obra tem inicio na terceira fase do modernismo, voltada para a paisagem sertanista, valorizando a cultura sertaneja e seus falares, e, a partir dela, escreve sua maior obra: Grande Sertão: Veredas. Rosa usa da paisagem para mostrar algo maior, os grandes problemas do homem, a paisagem tem um papel considerável, mas não o mais importante.
Guimarães nutria gosto pelo diferente, e o demonstrava pelo modo como tratava dos conflitos humanos dentro de sua obra dando continuidade a uma “literatura-sertão” diferente de todos os moldes já vistos anteriormente, ele utilizava da magia em seus textos para expressar esses conflitos, como afirma Bosi:
Mas o melhor conto brasileiro tem procurado atingir também a dimensão metafísica e, num certo sentido, atemporal, das realidades vitais: Guimarães Rosa foi mestre na passagem do fato bruto ao fenômeno vivido, da descrição a epifania, da narrativa plana a constelação de imagens e símbolos; mas tudo isso ele o fez com os olhos postos na mente sertaneja, remexendo nas relações mágicas e demoníacas que habitam a religião rústica brasileira. (Bosi, 2006, p. 10-11).
Em sua obra não existia diferença entre narrador e personagem, todos ocupavam o mesmo patamar, fato que podemos constatar num dos contos roseanos “a terceira margem do rio” da obra Primeiras Estórias. O conto é narrado em primeira pessoa e faz intertextualidade com a Bíblia por se referir a Noé.
A história passa-se no campo, característica marcante de Guimarães Rosa. Uma família que lá vive o casal e seus três filhos, dos quais, uma menina. Um dia, o patriarca da família resolve