letramento e alfabetização
"PODEREMOS BRINCAR, FOLGAR E CANTAR.. . ": O PROTESTO
ESCRAVO N A AMÉRICA
João José Reis
Professor Visitante
Mestrado de Ciências Sociais
Universidade Federal da Bahia
O conhecimento que já temos sobre a história da escravidão nas
Américas torna de certa forma muito fácil demonstrar que os escravos não foram pessoas passivas e acomodadas. É verdade que o escravismo implicou, em teoria e mito, no ideal senhorial de que os milhões de mulheres, homens e criancas retirados da África, e seus descendestes, não deveriam participar ativamente na determinação dos rumos de suas vidas nas fazendas, engenhos e cidades que funcionavam com a energia de seu trabalho. É também fato que historiadores e escritores das mais variadas tendências - alguns portando medalhas de progressistas - por muito tempo insistiram que o ideal senhorial prevalecera e que o escravo teria s tornado para a história o exemplo completo de submissão e coisificae ção de uma categoria social. Chegou-se a comparar os escravos c6rn os internos dos campos de concentracão nazistas que, completamente sem condições de resistir, caminharam para a câmaras de gás. Mas felizmente s essa visão unilateral e historicamente errada, s não desapareceu complee tamente de cena, foi parar na bagagem das ideologias mais reacionárias e por isso de fácil desmascaramento.
As evidências são claras: o escravo africano soube dançar, cantar, criar novas instituições e relacões religiosas e seculares, enganar seu senhor, as vezes envenená-lo, defender sua família, sabotar a producão, fingirs doente, fugir do engenho, lutar quando possível e acomodar-se quando e conveniente. Esse verdadeiro malabarismo histórico resultou na construção de uma cultura da diáspora negra que s caracteriza pelo otimismo, coragem, e musicalidade e ousadia estética e política imcomparáveis no contexto da chamada Civilizacão Ocidental. Claro, não foi fácil. Quando o profeta do reggae, o recentemente