Ler é antes de tudo compreender
Carmen Maria Cipriani Pandini∗
RESUMO: O presente texto pretende trazer algumas reflexões acerca da importância da leitura dentro e fora da escola – para a construção de conhecimentos e produção de sentidos. Descreve finalidades e modos de ler dos sujeitos leitores e os significados subjacentes à prática da leitura e ao processo de alfabetização.
PALAVRAS-CHAVE:
Leitura. Conhecimento. Alfabetização.
Produção de sentidos.
Para mim, as palavras numa página dão coerência ao mundo.
Alberto Manguel
Considerada uma prática substancial à vida na escola, a leitura é coberta de mistérios e implica sempre um sentido, [...] “não é somente uma operação abstrata de intelecção”, como diz Chartier (1994, p. 16), “é também por em jogo o corpo é inscrição num espaço, relação consigo e com o outro”, numa interação entre leitor e os vários mundos possíveis, pois o ato de ler é generosamente um ato de compreensão onde se é tomado pelo dito, que numa reinvenção pode alcançar o não dito.
A leitura se inscreve numa dada época e circunstância e os suportes dos
“textos” também se diversificam;
circula contestando padrões pré-estabelecidos, a
linearidade das práticas e as formas homogêneas de recepção e produção de saberes e sentidos. E, apesar de reconhecer que a história da leitura esteve, até bem pouco tempo, ligada ao processo de alfabetização, não há como negar sua importância na vida escolar dos alunos, e também como não compreendê-la uma atividade capaz de desempenhar múltiplas funções – (in) formar, divertir, distrair e proporcionar sensações parecidas como as que descreve Proust (1991, p. 9), quando fala da aventura que a leitura pode
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Pedagoga. Mestre em Educação e Cultura pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. E-mail: ppandini@udesc.br proporcionar, destaca que “talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles