Lenda da Chácara Queimada
“Chácara Queimada” é o nome da zona rural no 1º distrito do município de Caçapava do Sul. Tal denominação vem das ruinas de um grande casarão de pedras que, ainda hoje se pode ver que foi destruído por um incêndio. Na voz popular, o sinistro teve causa sobrenatural. Talvez calamitosa que assolava o RS naquela época concorresse para que pessoas simples vissem nesse incêndio “um castigo do céu”. E assim surgiu a lenda: - No lugar daquelas ruínas, erguia-se um luxuoso solar de pedra, rodeado de pomares. Na frente, enormes figueiras estendiam sua acolhedora sombra. Era a residência de uma abastada família que cheia de orgulho, não convivia com os vizinhos e a ninguém de orgulho, não convivia com os vizinhos e a ninguém prestava favores (naquele tempo, em que era comum prestarem-se auxílios mútuos...),. Nem auxiliava quem quiser que fosse, por mais necessitado que estivesse. Era o ano de 1877. A Província do RS estava sob flagelo da maior seca da história (No verão de 1876/1877, registrou-se uma terrível seca, de outubro de 1876 até 24/02/1877, não caiu uma gota de água de chuva). Os campos secos. As sementes lançadas a terra nem chegavam a germinar. As sangas eram poços de água. E os poucos aramados existentes foram abertos para que o gado tivesse caminho livre para encontrar o que beber. Assim, parte do rebanho se salvou, saciando a sede nos rios Irapuá. Jacuí e Camaquã. Os gaúchos perscrutavam o horizonte, na esperança de avistarem uma nuvem que pronunciasse a bênção da chuva tão desejada. Mas em vão. Um dia, à hora da sesta, todos descansavam na estância do solar de pedra – os donos no interior da casa, os agregados e os escravos, à sombra das figueiras. Nem a mais leve brisa movia as folhas das árvores. Não se ouvia o mugir do gado, nem o canto dos pássaros. Até a estridente voz das cigarras cessaram nas restingas. – SILÊNCIO...