Lembranças secas do sertão
Lembranças secas do sertão
Já é tarde em Morro do Norte, e o sol firme e quente parece perder a hora de se recolher para que a terra volte a esfriar e seus moradores em meio a uma corrente de calor mista de poeira, exponha seus corpos cansados, enrugados e escurecidos pelo labor de um dia inteiro de suor e lagrimas, possam sair de suas casas, sentar em suas cadeiras um pouco remendadas por restos de lascas de madeiras que na maioria eram restos de cercas que não resistiram a seca e se desfizeram, deixando a marca de seu furor, e em suas cadeiras olhando para um horizonte feio e marrom de poeira, tentam resgatar dentro de si alguma lembrança que trouxessem um pouco de alegria a um coração já seco pela falta de chuva que a muitos, não os agraciam com a sua presença. Quero apresentar em poucas palavras uma dessas figuras, que embora castigada e humilhada pela maior seca já registrada naquela cidade, tenta manter seu respeito e sua dignidade como homem e como cidadão brasileiro conhecido por não desistir nunca!. Tenório da Silva, mais conhecido como: “ Sr. Nó ”, alguns dizem, que ele ganhou esse nome por conseguir driblar a seca e manter o pouco que resta de sua plantação de cana e suas três vacas de leite, agora não me pergunte como é que elas dão leite em meio a uma seca tão violenta. Sr. Nó, um homem já de sessenta e quatro anos, estatura mediana, olhos negros, cabelos grisalhos, roupas já sujas pela poeira da lida, solteiro por circunstâncias alheias e amante de belos causos, quando sentado em sua cadeira, se torna o mais culto dos homens daquela cidade. Embora cansado, tira forças para manter sua fé e sua devoção em uma terra de homens, mulheres e meninos castigados por uma seca implacável onde suas alegrias se encontram em ouvir e contar histórias daqueles que já foram dias felizes. Um daqueles meninos que aos pés de seu “nó”, ouviu tantas histórias e enquanto ouvia,