Leitura
COELHO, Betty
UNESCO
Há quem conte histórias para transmitir conhecimentos, disciplinar, e até chantagear: ?Se ficarem quietas, conto um história!?, quando o inverso é que funciona. A história aquieta, serena, prende a atenção, socializa etc. Quanto menor a preocupação em alcançar tais objetivos explicitamente, maior será a influência do contador de histórias. O compromisso do narrador é com a história, enquanto fonte de satisfação de necessidades básicas das crianças. Se elas as escutam desde pequenas, provavelmente gostarão de livros, pois eles são importantes alimentos para imaginação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, ajuda a resolver conflitos e a ter esperança. Para o sucesso da narrativa é fundamental a elaboração de um plano, no sentido de organizar o desempenho do narrador, garantindo-lhe segurança, assegurando-lhe naturalidade.
A literatura infantil é um fenômeno praticamente tão recente quanto a idéia de infância que temos hoje. Antes da ascensão da burguesia não havia livros de literatura específicos para os pequenos e, se eles quisessem ler, deveriam fazê-lo utilizando-se de textos adultos. Há obras que não foram produzidas para crianças, mas que se tornaram infantis por dialogarem com elas, enquanto outros textos foram produzidos especialmente para esse público. As características desse gênero são definidas por esses dois tipos de obras. Os primeiros livros produzidos particularmente para os leitores infantis são os do francês Charles Perrault, no final do século XVII. A partir daí, a criança torna-se o centro em torno do qual se move o processo de criação e de produção de obras infantis. Esse fenômeno marca o fim da ?inexistência? da infância, pois com a Revolução Industrial, as crianças burguesas passam a representar papel importante na sociedade, já que precisam ser preparadas e capacitadas para o futuro, através da educação, a fim de enfrentar um mercado competitivo em rápida