Leitura e Interpletação de Texto
Texto 1
“Baixa renda aplica 68% do gasto com moradia no "puxadinho". Casas eternamente em construção das famílias de baixa renda levam a maior parte da renda disponível para os gastos com moradia. Entre os clientes dessa categoria que freqüentam as lojas de construção, apenas 13% estão construindo e 53% estão reformando suas casas - ou seja, fazendo o tal "puxadinho". Para 80% dos entrevistados, fazer compra de material de construção nos finais de semana não é encarado como lazer, mas uma obrigação. O uso do material também é feito pelo próprio comprador, que muitas vezes dispensa a contratação de um pedreiro. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1903200704.htm. Acesso em 7/4/2007.
Texto 2
Puxadinhos
Moacyr Scliar
No início era uma casa igual a tantas outras daquele humilde bairro de uma grande cidade brasileira – uma favela, na verdade. Uma casa pequena, precária. As paredes nem sequer eram rebocadas: faltara dinheiro para isso. Mas a família, pai, mãe, filha adolescente, considerava-se feliz. Pelo menos tinham um teto sobre suas cabeças, tinham água, luz, refrigerador, um pequeno televisor. O lugar era alto, afastando a possibilidade de inundação. Também não ficava perto de uma encosta, de modo que não temiam desabamentos. O espaço era pequeno mas, como dizia o homem, era melhor do que nada.
Um dia, a filha apareceu com uma novidade: estava grávida. Mas, ao contrário do que acontece nestas situações, o namorado, rapaz sério, não a abandonaria: ao contrário, queria casar com ela.
Problema: não tinham onde morar. Não seja por isso, replicou o pai. Pegou suas economias, comprou material de construção e, pedreiro ele próprio, construiu um puxadinho para a filha e o genro. Casaram, e até poderiam ser felizes para sempre, mas aí de novo surgiu o problema do espaço. Nascido o filho, um robusto garoto, precisavam de um lugar para ele.
O pedreiro de novo pôs mãos à obra e construiu um puxadinho do