Leitura e Compreensão do texto Falado e escrito como ato individual de uma prática social (Luiz Antônio Marcuschi)
Luiz Antônio Marcuschi
Nosso uso diário da língua
Todos os que têm acesso à escrita podem desenvolver quatro habilidades no uso da língua: falar e escrever, ouvir e ler. Evidentemente, a distribuição do tempo no desempenho dessas atividades não é proporcional. Pesquisas realizadas com estudantes americanos revelaram que o tempo desses estudantes está assim divido: (16h)
Ouvindo: 42% Falando: 32%
Lendo: 15% Escrevendo: 11%
Isso mostra que, mesmo em uma sociedade desenvolvida, os estudantes não consomem mais do que quatro horas por dia lendo ou escrevendo. Transpondo essas observações para o panorama brasileiro, Marcuschi supõe que não só a distribuição do tempo, mas também as condições e as chances de acesso às quatro habilidades são desproporcionais.
Independente do tempo despendido, ler e escrever são duas práticas sociais básicas, a ponto de “os índices de alfabetização serem fatos vistos como indicadores da saúde de uma sociedade e um barômetro do clima social” (GUMPERZ, 1986). A alfabetização não é apenas a simples habilidade de ler e escrever, mas uma habilidade institucionalizada como um certo status, mas não se deve supervalorizar a escrita, a fim de evitar distinções (preconceitos) entre povos letrados e iletrados.
Marcuschi define, então, o objetivo do artigo que escreve - Leitura e compreensão de texto falado e escrito como ato individual de uma prática social – que é desenvolver algumas reflexões sobre a leitura e compreensão de textos (tanto oral quanto escrito) tomando o ato individual de leitura como uma prática social. Marcuschi assim divide seus objetivos:
1. Evidenciar a importância de tratar textos orais e escritos na escola, buscando desmitificar, assim, a dicotomia oralidade x escrita, já que esta possui traços da oralidade.
2. Esclarecer que a escrita não tem valor intrínseco e autônomo, distinguindo os indivíduos entre os