Leitura de narrativas
DISCIPLINA: A literatura na sala de aula
A LEITURA DA NARRATIVA LITERÁRIA
TEXTOS ESCOLHIDOS
I- A leitura da narrativa literária
“Há duas maneiras de percorrer um bosque: a primeira é experimentar um ou vários caminhos (a fim de sair do bosque o mais depressa possível, ou de chegar à casa da avó, do Pequeno Polegar ou de Joãozinho e Maria); a segunda é andar para ver como é o bosque e descobrir por que algumas trilhas são acessíveis e outras não. Há igualmente duas maneiras de percorrer um texto narrativo. Todo texto desse tipo se dirige, sobretudo, a um leitor-modelo do primeiro nível, que quer saber muito bem como a história termina (...). Mas também todo texto se dirige a um leitor-modelo do segundo nível, que se pergunta que tipo de leitor a história deseja que ele se torne e que quer descobrir precisamente como o autor-modelo faz para guiar o leitor. Para saber como uma história termina, basta em geral lê-la uma vez. Em contrapartida, para identificar o autor-modelo é preciso ler o texto muitas vezes e algumas histórias incessantemente. Só quando tiverem descoberto o autor-modelo e tiverem compreendido (ou começado a compreender) o que o autor queira deles é que os leitores empíricos se tornarão leitores-modelo maduros.
(ECO, Umberto. Seis passeios pelo bosque da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1994)
II- Estratégias narrativas: enredo e narrador
O OUTRO
Rubem Fonseca
Eu chegava todo dia no meu escritório às oito e trinta da manhã. O carro parava na porta do prédio e eu saltava, andava dez ou quinze passos, e entrava.
Como todo executivo, eu passava as manhãs dando telefonemas, lendo memorandos, ditando cartas à minha secretária e me exasperando com problemas. Quando chegava a hora do almoço, eu havia trabalhado duramente. Mas sempre tinha a impressão de que não havia feito nada de útil.
Almoçava em uma hora, às vezes uma hora e meia, num dos restaurantes das proximidades, e voltava