Lazer, trabalho e sociedade
Julgamos ser absolutamente necessário dar continuidade no aprofundamento dos conhecimentos e discussões em torno do Lazer a fim de que possamos aumentar a consciência da população sobre as múltiplas dimensões econômicas, culturais e políticas presentes nas dinâmicas sociais produtoras e influenciadas por este fenômeno. Tal relevância cresce ainda mais na medida em que se percebe a fragilidade com que os órgãos governamentais têm compreendido o Lazer. Ao que parece, na maioria das vezes, ele não é entendido como um direito social, mas muito mais como uma mercadoria ou serviço a ser disponibilizado.
Segundo Marcassa (2003) o lazer é determinado pela construção histórica que se opera na sociedade e, portanto, as atividades que passam a constituí-lo são vivenciadas e fruídas pelos homens em conjunto, segundo as condições econômicas, culturais e sociais criadas.
O autor Mascarenhas (2003, p.14) divide o lazer em uma pirâmide, onde no topo está o “Êxtase do lazer” (o lazer que procura o prazer imediato, e o acesso a ele está restrito aos ricos); na base esta o “Tele-lazer” (o lazer-solidário e filantrópico, relacionado à classe media); e no meio está o “lazer genérico” (shopping; o lazer publico, geralmente relacionado com os pobres).
Devemos ter uma ação político-pedagógica consciente e diretiva e uma vez comprometida com os interesses das camadas populares, o lazer deve ser orientado “para o exercício da cidadania e prática da liberdade”. (Mascarenhas, 2000, p.17).
De acordo com Padilha (2003), temos dois tipos de abordagens sobre o fenômeno do lazer: as abordagens funcionalistas e as abordagens Marxistas. Sob a ótica funcionalista o lazer é visto como algo necessariamente bom em oposição ao trabalho, sobre o qual tem-se um juízo muito ruim. Já na visão Marxista, o trabalho e o lazer são atividades complementares e mutuamente determinadas. Tratar o lazer como um direito social, é considerá-lo como parte integrante da cidadania