Lazer como isenção de obrigações
O lazer era algo destinado à elite, a parte mais favorecida da população. Sendo assim, o lazer também é restrito, não está ao alcance de todos. Ou seja, nem todos o merecem ou podem tê-lo. Tempo livre, pelo contrário, é acessível a todos, democrático e imparcial. Todos tem acesso e podem possuí-lo. Basta se ter uma ocupação e por um espaço de tempo, estar livre da obrigação de desempenhá-la.
O trabalho, ao mesmo tempo em que era difundido que dignificava e enobrecia o homem, não era, contraditoriamente, visto como uma atividade nobre. O trabalho era destinado às parcelas mais pobres da sociedade, enquanto os mais favorecidos desfrutavam do ócio, para poderem pensar, refletir e contemplar o mundo e as questões relacionadas a ele. Convencia-se então às classes baixas que o trabalho era o melhor para elas, que quanto mais trabalhassem e produzissem, maior seria o seu valor como ser humano. Que deveriam ser gratas pelo fato de poderem trabalhar. A elite agia desse modo, para assim poder manter a sociedade em funcionamento, pois ela dependia do trabalho, pois se pensar era necessário, alimentar-se e ter moradias era essencial. Dessa modo, as parcelas mais baixas trabalhavam para manter em funcionamento a sociedade e permitir que uma pequena parcela de favorecidos, pudessem se dedicar a nobre atividade de pensar.
Contraditoriamente, os que mais produziam e colaboravam para o sustento de uma sociedade, eram os menos valorizados, enquanto aqueles que nada produziam e dedicavam-se somente a