ada vez mais, até os direitos básicos. Diante disso, o que diremos do direito de alguém de se tornar autônomo?– Qual é o lugar do trabalho e dos suportes sociais dentro dessa construção dessa sociedade autônoma?Robert Castel – Essa é uma questão bastante difícil também. O que se nota é uma modificação das condições de trabalho, ou seja, uma individualização, no sentido de valorizar o trabalhador com seus direitos individuais e suas iniciativas, aproveitando-as dentro do contexto no qual se insere. Para que isso mude, é preciso formar uma solidariedade coletiva.De certa forma, há alguma coisa de irreversível nessa evolução do capitalismo globalizado. Essa tecnologia avançada e a concorrência exacerbada precisa sofrer uma certa restrição em relação ao mundo do trabalho. É preciso criar novas legislações, novos dispositivos de administração dessa exploração do trabalho individual, para que haja realmente um equilíbrio. Então, essa nova organização de direitos não pode se apoiar no Estatuto do Trabalhador, porque este perdeu a sua estabilidade. Ela deve se basear em outras dimensões, no sentido que garanta essa busca da capacidade individual do trabalhador. Hoje se nota que a proteção de direito dos trabalhadores está mais ligada à pessoa do trabalhador do que ao Estatuto do Trabalhador, que já é tradicionalmente aceito, mas está enfraquecido.Há um debate muito interessante atualmente na França entre essas tendências de secularização e as organizações dos trabalhadores e dos sindicatos em geral. Mas um acordo, com toda essa mudança gerada a partir do capitalismo globalizado, é um pouco difícil de acontecer, à medida que as organizações dos trabalhadores têm, dentro de si, o sindicato dos empregadores, que torna muito mais problemático que essas idéias se situem dentro de um contexto