Latour
TRADUÇÃO: JOSÉ GLEBSON VIEIRA, LEANDRO MAHALEM DE LIMA e UIRÁ FELIPPE GARCIA
REVISÃO TÉCNICA: ANA CLÁUDIA MARQUES
(Um escritório na London School of Economics, em um �m de tarde de uma terça-feira escura de fevereiro, antes de sair para tomar uma cerveja em um pub. Batem à porta discreta, mas insistentemente. Um estudante entra no escritório)
Aluno: Estou atrapalhando?
Professor: De forma alguma. Este é o meu horário de plantão. Entre, sente-se.
A: Obrigado.
P: Então... Tenho a impressão de que está um pouco perdido?
A: Bem, sim. Tenho de lhe dizer que tenho di�culdades para aplicar a Teoria do Ator-Rede
(Actor-Network �eory – ANT) em meu estudo de caso sobre as organizações.
P: Não me surpreende. Ela não é aplicável a coisa alguma.
A: Mas nós aprendemos... quero dizer... ela parece ser bastante importante por aqui. Você está dizendo que ela é realmente inútil?
P: Ela pode ser útil, mas apenas se não for
“aplicável” a qualquer coisa.
A: Desculpe-me, mas você não está tentando me pregar uma espécie de peça Zen, está?
Devo alertá-lo, sou apenas um doutorando em estudo das organizações, então não espere...
Além disso, não estou muito a par da produção francesa; apenas li alguns dos Mil Platôs, mas não os entendi muito bem...
P: Desculpe-me. Eu não estava tentando fazer nenhuma gracinha. Apenas dizia que a ANT
é, antes de tudo, um argumento negativo. Ela não diz nada de positivo sobre seja lá o que for.
A: Então, o que ela pode fazer por mim?
P: O melhor que ela pode fazer por você é algo do tipo: “Quando seus informantes misturam organização, hardware, psicologia e política em um mesmo enunciado, não reparta tudo isso por diferentes recipientes; tente, ao contrário, seguir as ligações que eles fazem entre estes elementos, que pareceriam incomensuráveis se você seguisse as categorias acadêmicas usuais
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