Laraia e a cultura
O oposto ao etnocentrismo é a apatia, igualmente improdutiva no sentido colaborativo, por ser em essência a perda da motivação que une o grupo. A fim de combater a apatia, de impedir a estagnação, a comunidade precisa ser continuamente estimulada, provocada. Quando impera a apatia, os conhecidos “bloqueios criativos” instauram seus domínios e o grupo tende a de dissipar.
Discutir a cultura é, de certa forma, discutir também a restrição: desde a delimitação do “eu” e do “outro”, até as distinções por gênero, idade, graus de socialização. No entanto, Laraia afirma que a cultura subsiste da manutenção do mínimo de participação do indivíduo na pauta de conhecimento da cultura, a fim de permitir a sua articulação com os demais membros da sociedade. Trazendo essa questão para a perspectiva do indivíduo, a sua manutenção no grupo depende da sua atuação – no contexto, da sua colaboração e co-criação. Uma comunidade co-criativa se reafirma quando seus indivíduos colaboram e produzem efetivamente.
No fim da obra, Laraia afirma que cada sistema cultural está sempre em mudança. Compreender essa afirmação é estar de certa forma preparado para o novo, definido na obra como o “porvir”. Nesse sentido, a comunidade colaborativa se constitui de forma dinâmica , e nessa dinâmica consiste a transformação das ideias e obras