Lapis Apaixonado
Mundos diferentes o de Marília, o do lápis e o da borracha. Mas, o que fazer? Todos os mundos e todas as pessoas são mesmo diferentes.
O lápis, por exemplo, é o oposto da borracha: enquanto ele escreve, ela apaga. Ambos são igualmente importantes para todos os estudantes.
Veja o que aconteceu na escola onde Marília estuda. Ela tirou o lápis de sua bolsa e, enquanto prestava atenção à aula de história, nem imaginava o que se passava na cabeça daquele simpático magricela, tão preocupado com os erros que cometia. E tinha até nome de gente: Paulinho.
A grande vontade dele era ver de novo a borracha que a menina guardava em outro estojo, e também tinha nome de gente: Anabela. Não era uma borracha redonda, mas daquelas quadradinhas, fininhas, que apagam os erros deixados no caderno.
A aflição de Paulinho era porque ele estava gostando de Anabela. Depois de tanto tempo, achando que era culpado pelas coisas erradas que apareciam no papel, se apaixonou por aquela que apagava seus erros.
Durante a aula de história, Marília fez uma anotação no caderno e viu um erro no que escreveu. Tirou Anabela do estojo e fez a correção.
Chegou a hora do recreio, Marília saiu para brincar e deixou juntinhos, Paulino e a Anabela. Magrinho, tímido, com um probleminha na língua que chamavam de gagueira, Paulinho, apesar de todo envergonhado, sabia que tinha de ter coragem para conversar com Anabela e contar sua paixão. - E se ela não gostar de mim? E se disser que eu sou um chato que faz coisas erradas? E se preferir a régua, o compasso ou a lapiseira? Paulino estava muito inseguro. Sabia que não podia ficar daquele jeito sem tentar se aproximar de Anabela e falar alguma coisa para ela. De que adianta ter insegurança? Sempre que alguém quer alguma coisa precisa tentar, correr atrás para realizar seu desejo. Como o sonho de Paulinho era mesmo conversar com Anabela, ele acabou ganhando confiança. - Olá, eu... Posso perguntar