langue e parole
Dicotomia importante:
“Langue” e “parole” são termos usados de agora em diante para os dois tipos de língua de que se serve o falante.
Todos nós, quando nascemos,
Temos o dom de pensar,
Mas pensar exige um meio
Para a idéia enunciar,
E a langue é o meio que existe
Entre o pensar e o falar.
A langue é como um tesouro
Que a nossa mente contém,
O exemplar de um dicionário
Que toda pessoa tem,
Consciência coletiva,
De todos e de ninguém.
A langue, na sociedade,
É uma instituição,
É um sistema de signos
Usados por convenção,
E para a vida gregária
Tem força de coesão.
Por sua ver a parole,
Como está dito no “Curso”,
Já é um fato diverso,
Um diferente recurso,
Ou seja, a própria palavra
Realizada em discurso.
Dentro da língua, a parole
Corresponde à atividade
Cotidiana e concreta
Ligada à realidade,
Pertence a cada indivíduo
E não à comunidade.
Utilizando a parole
Sempre dentro de um contexto,
É livre assim o indivíduo
Para compor o seu texto,
Tocando em qualquer assunto,
Falando a qualquer pretexto.
Nem a langue é soberana,
Nem a parole se impõe:
Uma depende da outra,
Enquanto à outra se opõe,
E desse eterno contraste
É que a língua se compõe.
Fazendo agora um resumo
Desta breve exposição,
Seria a langue o produto
E a parole, a produção;
Langue – o sistema da língua;
Parole – língua em ação.
A langue é que é permanente,
E a parole, ocasional;
A langue é que é coletiva,
A parole é pessoal;
Uma – ideal e abstrata,
Outra – concreta e real.
Saussure então vê a língua
Por uma dicotomia:
Descrita em dado momento
Por meio da sincronia,
Ou vista através do tempo,
Segundo a diacronia.
Ora, a Lingüística antiga,
Histórica ou normativa,
Tinha uma visão da língua
Fechada e retrospectiva,
E juntava em seus estudos
Língua morta e língua viva.
Interessava aos lingüistas
E aos gramáticos antigos
Analisar alfarrábios,
Abrir tumbas e jazigos,
Eram servos da História,
Da Arqueologia os amigos.
Na visão da sincronia,
Que Saussure introduziu,
A Lingüística