Lampião e sua cultura
Não toda ela, pois não é fácil abranger de forma completa a saga de um brasileiro que pode ser equiparado, em fama e feitos, aos famosos personagens do velho oeste americano.
Para facilitar o entendimento, ainda que parcial, é necessário situar a história e seu personagem principal no meio físico em que nasceu, viveu e morreu.
Descrevendo o nordeste, por onde andou Lampião, sem entrar na costumeira lista de nomes de vegetais, tipos de solo e outros detalhes semelhantes, é uma tarefa ingrata.
Resultaria desnecessária para quem já conhece a região e incompleta para quem nunca esteve lá.
Embora aparentemente agreste o nordeste é de natureza rica e variada.
Ou talvez seja melhor dizer que é um misto de riqueza e pobreza, com imensa quantidade de espécies em sua fauna e flora, embora de clima seco durante a maior parte do ano.
Chove muito pouco, o chão é seco e poeirento. A vegetação é rasa e, na maior parte do ano, de cor cinza. De vez em quando surgem árvores cheias de galhos, também secos, frequentemente cobertos de espinhos que, se tocarem a pele, ferem. Raramente se encontra um local onde haja água, mas onde ela se apresenta a vegetação é muito mais verde, apesar de não radicalmente diferente de no restante da região. Saindo da planície e subindo para as partes mais altas, atingindo as serras e os serrotes, o ar tornar-se mais frio e as pedras desenham a paisagem.
Não há estradas, só caminhos, abertos e mantidos como trilhas identificáveis pela passagem dos que por ali circulam, geralmente a pé.
Em breves palavras, esse era o ambiente em que Virgolino Ferreira passou toda sua vida. Pode-se dizer que muito pouco mudou desde então.