La Haine: do Banlieue para o Mundo

2902 palavras 12 páginas
Artur Caiano
Políticas e Estratégias do Audiovisual
1º Ano - Mestrado em Realização Para Cinema e Televisão

LA HAINE: DO BANLIEUE PARA O MUNDO

Abstract
“Esta a história de um Homem que cai de um prédio de 50 andares. A cada andar, ele diz para si próprio – Até aqui tudo bem. Até aqui tudo bem. Até aqui tudo bem. – mas o que importa não é a queda, é a forma como se aterra”.

Nenhum outro discurso poderia descrever de forma mais acertada a realidade vivida nos bairros dos subúrbios franceses como este, que podemos ouvir durantes os primeiros segundos do filme. A situação nos banlieues[1] é crítica. Se, através de um processo de auto-segregação geográfico, os mais pobres veêm-se obrigados a viver afastados das grandes metrópoles, o Estado Francês promoveu, ao longo dos anos, uma segregação social desses espaços, deixando por construir acessos e infraestruturas que promovessem o desenvolvimento destes subúrbios. Os mais jovens são quem mais sofre, devido à falta de oportunidades, que lhes retira a esperança de um futuro. Estes filhos de emigrantes vivem também sob a constante sensação de que não pertencem a lado algum. Embora tenham nascido em França, sentem-se sem identidade, num país que, lentamente, vem despindo a sua faceta multi-étnica que usou como estandarte durante anos.
Tendo em conta estes factos, não há dúvida de que a história do homem em queda livre é a perfeita metáfora para descrever a bomba-relógio social que são os bairros periféricos em França.

Neste artigo, iremos não só analisar a forma como o filme explora esta dessincronização social presente na juventude dos banlieues, através da narrativa e técnicas de filmagens, mas também tentar desvendar as intenções do realizador

Mathiew Kassovitz, ele que conseguiu, nas suas intervenções públicas, gerar sempre ainda mais controvérsia em torno de um filme já de si polémico.

O Cinema Banlieue
O Cinema Banlieue surgiu no seio da crítica de cinema francesa em meados dos

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