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Neste fantástico livro, Stephen Jay Gould revisa toda a história da ciência utilizada para a discriminação de raças e grupos humanos.
Todas os métodos utilizados, desde a craniometria aos testes de QI de Goddard e Stanford-Binet cometeram um número absurdo de erros e manipulações, incluindo falsificações descaradas de dados para justificar seus preconceitos.
Morton era levado, talvez de modo inconsciente, a ser mais desatencioso com os crânios de grupos por ele inferiores, além de utilizar metodologias com margens de erro além do aceitável estatisticamente. Lombroso, que media corpos, fazia medições de inúmeras variáveis do corpo humano e, ao achar algo que suportasse suas conclusões apriorísticas, as mencionava, ignorando todo o restante. Talvez o caso mais gritante é de Cyril Burt, que simplesmente inventou gêmeos para seus testes, de forma a aumentar sua base de evidências.
O grosso do livro destina-se a revisar os testes de QI, de início propostos por Binet apenas para verificar que crianças necessitavam de educação especial, para mais tarde destinar milhares de pessoas a segregação e humilhação. Como no famoso caso "Buck Vs Bell", com a aterrorizante conclusão de que "duas gerações de imbecis são o suficiente"; e a dor de Doris Buck, esterilizada sem saber e que por anos a fio tentava ter um filho.
Em suma, um livro que, além de desconstruir uma suposta base científica para a discriminação, também é um retrato da paixão de Gould pela ciência e pela vida.
Recomendado.